terça-feira, dezembro 19, 2006

Copacabana

Até o início do séc XVII, Copacabana era conhecida como Sacopenapã (caminho dos socós _ ave pernalta, da família dos ardeídeos, abundante nas restingas do Rio de Janeiro).

Comerciantes bolivianos, que vieram mercadejar objetos de prata, trouxeram uma imagem da Virgem de Copacabana, santa venerada nas margens do lago Titicaca, na fronteira da Bolívia com Peru. Em quíchua, idioma dos descendentes dos incas, Copacabana significa Mirante do Azul. Os pescadores de Sacopenapã ergueram uma capelinha sobre a rocha para acolher a imagem.

Salvo de um naufrágio por milagre atribuído à santa, o bispo dom Antonio do Desterro fez construir uma igreja, em 1746, para substituir a construção dos pescadores. A santa, ao atrair romarias por mais de 150 anos, acabou por dar nome ao bairro.

A igrejinha foi demolida em 1908 para a construção do Forte de Copacabana, obra inaugurada em 1914, e a imagem está, hoje, na Igreja de Nossa Senhora de Copacabana, na Praça Serzedelo Correia. Esta nova igreja está em um prédio que ocupa o terreno da anterior, e cuja torre pode ser vista na foto da década de 1920.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Rua do Sucussarará

A questão da denominação dos logradouros sempre foi confusa, no Rio antigo. À medida que os caminhos iam sendo delineados, recebiam nomes que o povo lhes dava, ora motivado por um aspecto local, ora com a profissão, ou o nome, de seu primeiro ou mais proeminente morador. Estas designações eram fluidas, sendo substituídas quando um novo fato ou personagem impressionava o imaginário popular. Era comum, também, uma rua ter várias designações, uma para cada trecho.

A Rua do Ouvidor, nascida em 1578 como o Desvio do Mar, teve vários nomes até que, nos meados do século XVIII passou a, nela, ter residência o ouvidor real. A esquina com a Rua da Quitanda — assim designada graças a um estabelecimento localizado na esquina da Rua da Alfândega — foi conhecida como Canto do Tabaqueiro, em razão da tabacaria ali existente.

No início do século XIX, o trecho da Rua da Quitanda compreendido entre a Ouvidor e a Rua do Cano (atual Sete de Setembro) era chamado de Rua do Sucussarará. É que ali havia se instalado um médico inglês, especializado em hemorróidas, que — com o seu português arrevesado — fazia, a todos os seus clientes, a mesma promessa.

sábado, dezembro 02, 2006

Praças e Monumentos

A Praça Gen. Osório abriga o chafariz das saracuras (foto), agora seco, enquanto o marquês do Herval está na Praça XV. Nem nesta, nem na da República encontramos Deodoro; ele está em uma Praça junto à Praça Paris.

Pedro I está na Praça Tiradentes, enquanto o protomártir é encontrado na Rua Primeiro de Março (data da entrada das tropas brasileiras em Assunção, terminando a Guerra do Paraguai).

Nem o Almirante Barroso nem Marcílio Dias estão na Praça Onze de Junho (batalha naval do Riachuelo), ocupada por Zumbi dos Palmares; o barão do Amazonas é encontrado na Praça Paris; e o Imperial Marinheiro, na Praça Barão de Ladário.

O Barão do Rio Branco fica na Praça do Expedicionário, enquanto o Comandante da FEB, na Praça Itália.

O Almirante Saldanha da Gama permanece na Praça que leva o seu nome, mas só é conhecida por Jardim de Alá.

quarta-feira, novembro 29, 2006

Rua das Marrecas

Nome consagrado pelo povo que tomou como marrecas as aves de bronze de cujos bicos jorrava água, num pequeno e delicado chafariz. A obra, de Mestre Valentim, foi feita, em 1735, por ordem do vice-rei Dom Luiz de Vasconcelos e Souza, na rua que mandara abrir para melhor acesso ao Passeio Público. Designada Rua das Belas Noites, começava na dos Barbonos (atual Evaristo da Veiga), onde se situava o chafariz, e vinha até o portão do Jardim.

Por diversas vezes mudaram-lhe o nome oficial. O povo a tudo assistia, mas não aderia; para ele, sempre foi das Marrecas, nome oficial apenas a partir de 1964.

Durante certo período foi rua de má fama, cheia de “pensões” de francesas”. Na verdade, polonesas judias, fugidas de sua terra e colhidas pelas malhas da Zwig Migdal, organização internacional de exploração de escravas brancas. Quando os valentões e os “capoeiras” invadiam a rua, as moças se escondiam e recusavam-nos, mandando dizer que tinham ein Kranke (uma doença, em iídiche).

Eis a origem de uma palavra tipicamente carioca: ENCRENCA.