quarta-feira, outubro 31, 2007

Fonte Adriano Ramos Pinto

Pouca gente conhece o monumento por seu nome oficial. É a escultura, de 7 metros de altura, em alvo mármore de Carrara, em que três jovens, representando a Mocidade, se acercam de Cupido, que, no alto, personifica o Amor. A obra foi encomendada ao escultor francês Eugène Thievier, e presenteada à cidade pela Casa Adriano Ramos Pinto, fundada em 1880 na cidade do Porto, e grande exportadora de vinhos para o Brasil no início do século XX. Foi uma contribuição aos trabalhos de embelezamento da cidade, então levados a cabo por Pereira Passos.

A fonte foi inaugurada em 24 de janeiro de 1906, no jardim da Glória (perto de onde se encontra, hoje, a Estação do Metrô), pelo Presidente Rodrigues Alves. Após a cerimônia, o Prefeito Pereira Passos convidou as autoridades para uma mesa de doces no English Hotel (que funcionou por 30 anos no Palacete Bahia, no local onde hoje está o Palácio São Joaquim). Nesta ocasião, coube a Olavo Bilac fazer, em nome da cidade, o discurso de agradecimento à empresa Adrianio Ramos Pinto & Irmãos.

À época, houve quem protestasse, alegando que a fonte, além de não passar de um grande reclame (publicidade) da firma lusitana de vinhos, ainda apresentava as jovens em poses licenciosas (embora conste que Pereira Passos mandara vestir _pouco, ainda assim_ uma das figuras femininas do conjunto escultórico, alertado que fora de sua nudez por enviado à França para examinar a obra em elaboração).

Em 1935, o Prefeito Pedro Ernesto mandou removê-la para a entrada do Túnel Novo, no lado de Botafogo. Teve a água cortada em 1983 por haver se transformado em banheiro de mendigos.

O monumento permanece, ainda hoje, onde foi colocado por ordem de Pedro Ernesto, sem água, depredado por vândalos, e coberto de pichações.


quarta-feira, outubro 24, 2007

Praça Cardeal Arco Verde


Ao que consta, é a praça mais antiga do bairro. O terreno teria sido doado à Municipalidade por Alexandre Wagner, em 1874, recebendo o nome de Praça Martim Afonso. Mais tarde, foi chamada de Sacopenapan em homenagem ao nome indígena do bairro. Passou a ter o nome atual a partir de 1917, em homenagem a Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, primeiro Arcebispo do Rio de Janeiro, e depois, o primeiro Cardeal sul-americano.

O recenseamento de 1920 revela que havia apenas 5 predios ao redor da praça que, por algum tempo se limitava a uma área cheia de capim onde pastavam os burricos da região. Em 1935, foi urbanizada pelo Prefeito Pedro Ernesto, que nela instalou uma Escola. Em 1942, nela foi instalado o Museu da Cidade, já que o prédio do museu, na Gávea, havia sido requisitado para alojar a Prefeitura, desalojada do centro da cidade por ocupar espaço destinado à abertura da Av. Pres. Vargas. Alguns anos mais tarde, o museu foi removido, mas permaneceu no prédio um teatro de amadores, onde hoje funciona o Teatro Gláucio Gil.

A foto mostra a praça, nos anos 1940, com a urbanização projetada pelo arquiteto Azevedo Neto. À esquerda, vê-se parte do prédio da Escola. Em 1999, foi reurbanizada, e perdeu mais uma fatia, desta vez para a instalação da Estação Arco Verde do Metrô.

Parece curioso que na praça com o nome de um alto dignatário da Igreja Católica exista um chanukiá, candelabro de 9 velas, tradicional símbolo do judaismo. A seu pé há uma placa que diz: o candelabro proclama a mensagem universal da liberdade de culto assim como a vitória da luz sobre a escuridão através de atos diários de bondade. Este monumento ali está desde 12 de dezembro de 2004, por iniciativa da organização judaica Beit Lubavitch.


quarta-feira, outubro 17, 2007

Rua do Sabão e suas Igrejas

A pista lateral da Av. Presidente Vargas, lado ímpar, era a Rua Gen. Câmara, antes Rua do Sabão. A ela se referia a antiga canção inspirada no «Vem cá, Bidú» (Cai, cai, balão,/Na Rua do Sabão./Não vou lá, não vou lá, não vou lá,/Tenho medo de apanhar).

Sua origem remonta ao séc XVII, um caminho que se estendia da praia aos campos da cidade, atravessando alagados. Antes de ser Rua do Sabão, devido ao armazém de sabão alí instalado ainda nos tempos coloniais, foi Caminho para a Candelária

A Igreja do Senhor do Bonfim do Calvário originou-se de uma capela construída na esquina da Rua da Vala (atual Uruguaiana). Foi uma das primeiras que se edificaram no Rio do séc XVIII, e que teve o mesmo fim que a Igreja de São Pedro, na rua ao lado, demolida para dar lugar à pista central da Av. Presidente Vargas.

O mesmo fim teve uma igreja da Rua do Sabão, a dedicada à NªSª da Conceição, construída pelo Cônego Antonio Lopes Xavier em 1757. Tinha a seu lado um asilo e um cemitério onde esteve enterrado, por algum tempo, os restos do Almirante Joaquim José Inácio de Barros, o Visconde de Inhaúma, membro de sua Irmandade.

Como quarta igreja dessa lista de desaparecidas para a construção da avenida consta, ainda, a de Bom Jesus, de arquitetura jesuítica, originada de uma ermida erigida, em 1719, por um devoto. Possuia, ao lado, o hospital da Irmandade que dava frente para a Rua do Sabão, fundos para a Rua de São Pedro, e a lateral direita para a Uruguaiana. Aí esteve, em 1815, abandonado por meses, o corpo de Luis Carlos Martins Pena _diplomata, dramaturgo introdutor da comédia de costumes no Brasil_ morto em Lisboa e enviado ao Rio para sepultamento.

Logo após o fim da Guerra do Paraguai, passou a ser Rua General Câmara, em homenagem a José Antônio Correia da Câmara, segundo Visconde de Pelotas, comandante da vanguarda de nossas tropas em Cerro Corá, onde foi morto Solano López. Com a construção da Pres. Vargas foi a homenagem transferida para a esplanada do castelo e, embora tenha se tornado célebre como general, no novo logradouro aparece promovido a marechal.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Av. Pres. Vargas


A grande avenida, inaugurada em 7 de setembro de 1944, existe graças à demolição de mais de 500 construções nas quadras compreendidas entre a Rua Gen. Câmara (antiga Rua do Sabão) e a Rua de São Pedro; estas duas ruas passaram a constituir as pistas laterais (lados impar e par, respectivamente) enquanto a pista central ocupa o lugar que era das quadras demolidas.

Dentre os demolidos estavam 4 igrejas (São Pedro dos Clérigos, São Domingos, Bom Jesus do Calvário e NªSª da Conceição); o Largo do Capim; o prédio da Prefeitura; uma fatia da Praça da República; e quase toda a Praça Onze de Junho, centro do samba e local dos desfiles carnavalescos até então.

(O Largo do Capim foi objeto de Post do dia 27jun; a Igreja de São Pedro, dia 12set; e a Praça da República, 03/10/2007.)

Nas duas fotos mostradas acima pode-se ver a região da Praça da República à Candelária, antes e depois da grande demolição. O prédio da Prefeitura é o que se vê ao pé da foto "antes"; a seu lado, a Escola Rivadávia Correa que permanece no local até hoje, e tem como endereço: Av. Pres. Vargas, 1314.



quarta-feira, outubro 03, 2007

Campo de Santana (Praça da República)



O areal cheio de mato e alagadiços era conhecido, no século XVIII, como Campo de São Domingos, graças a uma capela levantada por uma Irmandade de devotos do santo.

Em 1735, graças a uma outra capela, dedicada a Santa Ana, levantada no local onde hoje está a estação ferroviária, passou a ser conhecido como Campo de Santana. Mais tarde, em 1790, os banhados começaram a ser aterrados, e o local ganhou um chafariz, logo chamado de Chafariz das Lavadeiras, graças às frequentadoras, e ali permaneceu até 1873, quando foi demolido.

Em 1818, ali foi D. João aclamado rei, com grande comemoração. Quatro anos depois, seria palco de nova aclamação: a de Pedro I, como imperador do Brasil. Desde então passou a ser conhecido como Campo da Aclamação. Em 1831, foi palco de manifestações populares contra D. Pedro que resultaram em sua abdicação. O nome mudou para Campo da Honra, não referendado pelo povo que continuou a chamá-lo da Aclamação.

Em 1880, o parque foi reinaugurado, após uma grande reforma feita pelo paisagista Glaziou. Nove anos depois, foi testemunha de uma movimentação de tropas, tomada pelo povo como exercício militar, quando o que ocorria, na verdade, era a deposição do Gabinete Ouro Preto e a proclamação da República por Deodoro. Alguns meses depois, teve seu nome oficial alterado para Praça da República, mas o povo persiste em chamá-lo pelo antigo nome de Campo de Santana.

Com a abertura da Av. Presidente Vargas, teve seu tamanho bastante reduzido, o que se pode constatar na foto aérea de 1930. Nela se identifica, ainda, a estação D.Pedro II; o antigo edifício do Ministério da Guerra, o Monumento a Benjamin Constant (hoje no centro da Praça); a casa do Marechal Deodoro e a antiga Casa da Moeda (atual Arquivo Nacional); na parte superior da foto vê-se a igreja de Santana, e a Praça Onze que demarca as quadras que seriam demolidas para a construção da Av. Presidente Vargas.