quarta-feira, março 26, 2008

Rua do Ouvidor


Manuel Aleixo, o Velho, que chegou com Estácio de Sá, foi Juiz Ordinário e Vereador do Conselho, possuía terras que iam desde a orla até além de onde hoje está a Rua Miguel Couto. Nestas terras e junto a um caminho chamado Desvio do Mar, foi o abastado Manuel Aleixo instalar sua chácara.

O Desvio transformou-se em Caminho depois Rua do Aleixo Manuel (1590), Rua Manuel da Costa, do Gadelha (1650) , do Barbalho, de Salvador Correa, da Santa Cruz (quando na esquina da Rua Direita _hoje 1ºde março_ se construiu, sobre as ruínas de um forte, a capela que veio a ser a Igreja da Sta. Cruz dos Militares). Em 1659, era a Rua do Padre Homem da Costa.

Em 1745, a Fazenda Real adquiriu algumas casas na rua para instalar a residência dos Ouvidores. O segundo deles (1748-1750), Francisco Berquó da Silva Pereira, tornou-se conhecido, e a rua passou a ser, desde então, a do Ouvidor.

Com a chegada da corte e da liberdade de comércio, a rua, que era de casas e quintais, transformou-se em centro de moda, escolhida que foi por muitos negociantes estrangeiros para nela instalar seus negócios. Lojas de modas, perfumarias, cabeleireiros, casas de música, cafés, confeitarias, atraiam a sociedade elegante. Os jornais de cidade e várias revistas nela instalaram suas redações.

Em 1829, após novo calçamento, foi proibido o trânsito de carros de boi. Em 1857, foi calçada com paralelepípedos. Em 1861, foi proibido o trânsito de cavaleiros e de quaisquer veículos após as 9 horas da manhã. Exceção, claro, ao Carnaval, quando os préstitos das Grandes Sociedades Carnavalescas desfilavam pela elegante rua.

Em 1897, a Prefeitura resolveu homenagear o comandante da malograda expedição contra os seguidores de Antonio Conselheiro e trocou o nome para Rua Coronel Moreira César. Durante anos permaneceram nas esquinas as placas com o nome do infeliz coronel. O povo, solenemente, desconheceu a nova denominação, obrigando as autoridades a voltar atrás, restituindo à rua seu nome tradicional.

Com a inauguração da Avenida Central _depois Rio Branco_ a Rua do Ouvidor perdeu a posição de destaque em que se manteve por quase um século.

Sobre ela escreveram vários autores: Machado de Assis, Manuel Antônio de Almeida, José França Júnior, e Joaquim Manuel de Macedo, que lhe dedicou um livro: “Memórias da rua do Ouvidor”.

Na foto, um aspecto da Rua do Ouvidor em 1880.


Um comentário:

Carmen disse...

Foi muito bem ver uma imagem real da Rua do Ouvidor, que eu só tinha na imaginação. Muito bom também saber que ela mantém o mesmo nome até hoje. Para mim, a Rua do Ouvidor foi o primeiro shopping do Brasil.
Se algum dia eu tiver a oportunidade de conhecer o Rio, quero andar por esta rua, fechar os olhos e me sentir uma dama do século XVIII.