quarta-feira, julho 30, 2008

A Fábrica do Aterrado


A foto acima mostra a fabrica de gás, no Caminho do Aterrado (depois Caminho das Lanternas, Rua Senador Euzébio, Av. Pres. Vargas) antes da abertura do Canal do Mangue.

O edifício, construído em 1852-1854, ocupava todo o quarteirão entre as travessas de São João e do Porto (atuais ruas Dr. Carmo Neto e Comandante Mauriti).

No corpo central ficavam os escritórios, oficinas e laboratórios; no sobrado, além dos escritórios da companhia, havia acomodações para residência do engenheiro-chefe. O relógio de quatro faces do torreão é inglês.

Os prolongamentos do prédio se estendiam em construções térreas. De um lado, as habitações dos funcionários graduados, com biblioteca e áreas de recreação. De outro, uma parte ocupada pelos purificadores de gás, além de dois enormes salões: um servindo de habitação coletiva dos acendedores de lampiões; e outro, dos escravos da empresa.

As fornalhas, retortas, e demais aparelhos para a produção do gás e três gasômetros ficavam no pátio interno.

Junto ao portão, um medalhão de ferro informava: "Empresário Irineu Evangelista de Souza, Barão de Mauá - Contrato de 11 de março de 1851 - Engenheiro W. G. Ginty".

Esse inglês, o engenheiro William Gilbert Ginty, dirigiu, no período de 1854 a 1858, as obras para a abertura do canal do Mangue que visava secar os terrenos circunvizinhos que formavam o chamado Mangal de São Domingos, e permitir a navegação de pequenas embarcações que transportavam gêneros para a cidade. Em pouco tempo, porém, os resíduos da fábrica e a sujeira obstruíram o canal, transformado em depósito de lama e imundícies.

Em 1854, Mauá inaugurava a iluminação a gás na cidade, alimentada por uma rede de 20km de tubos de ferro. Cada combustor fornecia iluminação equivalente a seis velas de cera. Em três anos, a Companhia havia estendido a rede e contava com 3.027 lampiões públicos, e iluminava 3.200 residência e três teatros.

Em 1865 o barão transferiu a concessão à empresa inglesa Rio de Janeiro Gas Company Limited. Em 1874, eram abastecidas 10 mil residências, 5 mil estabelecimentos públicos e 6 mil lampiões de rua. Em 1876, a concessão passou para a empresa belga Societé Anonyme du Gaz; e em 1910 para a The Rio de Janeiro Tramway Light and Power Company Limited. Em 1969, a empresa foi estatizada. Em julho de 1997, foi privatizada e passou a ter como operador técnico o grupo Gás Natural.

A foto abaixo mostra o mesmo prédio que, hoje, alberga o Museu do Gás, e tem por endereço Av. Pres. Vargas, 2.610






quarta-feira, julho 23, 2008

Curva da Amendoeira


Desde menino, acostumei-me a conhecer como «curva da amendoeira» a que une as avenidas Beira Mar e Oswaldo Cruz. Havia até uma revenda de automóveis com esse nome, ali por perto. Outra grande revenda de máquinas, a PROPAC, possuía até oficinas no local.

Curioso que minha busca, na internet, por fotos e referências a ela obteve poucos resultados. No entroncamento ficava o monumento a Cuauthémoc, antes da construção do Aterro do Flamengo (que tem o nome oficial de Parque Brigadeiro Eduardo Gomes, um remanescente do episódio dos "Dezoito do Forte" e criador do Correio Aéreo Nacional).

Na foto inicial pode-se ver o posto de serviço da Texaco e a amendoeira ultrapassando, em altura, o galpão da PROPAC. Nas imagens coloridas, temos uma visão atual da árvore e da placa colocada pela Prefeitura que, sem fazer alusão à sua fama, diz: «AMENDOEIRA - Terminalia catappa L. - Árvore declarada imune ao corte pelo Decreto 22.656 de 18/02/03. Nativa da Ásia e África, também conhecida como "Sete copas" possui copa densa e ampla proporcionando magnífica sombra Além de frutos comestíveis, oferece abrigo e alimentação para a fauna. Ajude a protegê-la.Fundação Parques e Jardins 2221-2374».







quarta-feira, julho 16, 2008

Estábulos em Copacabana


No início do século XX, até, pelo menos os meados da década de 1940, existiam estábulos em Copacabana.

Os do português José Marques, tanto no número 7 da Av. Copacabana, como no 52 da Rua Santa Clara, eram anunciados nos jornais em 1910.

Havia um na Rua Duvivier, esquina de Nª Sª de Copacabana, por volta de 1940. Era possível, do bonde, ver o dorso malhado das holandesas por sobre as meias-paredes que separavam os boxes das vacas. Na porta, uma fila de cidadãos com garrafas, a esperar para entrar no recinto e receber do empregado, de guarda-pó branco, o leite recém-ordenhado.

Ainda na década de 1940, o leiteiro passou a usar uma carrocinha, e ao nascer do dia, trocava os litros vazios colocados à porta das casas por garrafas cheias. A foto mostra um desses leiteiros em sua faina matutina.




quarta-feira, julho 09, 2008

Rua Direita


Uma das primeiras ruas do Rio de Janeiro; em torno dela foi se formando a cidade na planície. Teve vários nomes ao longo do tempo. Caminho de Manoel Brito, Direita do Carmo para São Bento, Direita para Misericórdia, Rua que vai para São José, entre outras designações. Era continuação da Rua da Misericórdia, que levava à Ladeira de mesmo nome, um dos acessos ao Morro do Castelo. Passou a Primeiro de Março em comemoração ao fim da Guerra do Paraguai, ocorrida neste dia de 1870. Foi a principal rua da cidade até a abertura da Av. Central (depois Rio Branco).

A foto é de Marc Ferrez, tomada do Morro do Castelo, em 1885.

Vale um passeio visual tentando identificar alguns pontos e o que ainda permanece no cenário da cidade. As torres da igreja de São José e a já desaparecida passarela para o convento do Carmo; pouco mais além, a torre da antiga Sé e as duas da igreja da Ordem Terceira de NªSª do Carmo. Na atual Praça 15, parte do Paço; o chafariz da pirâmide; o desaparecido Hotel Pharoux; o palacete dos Teles de que resta hoje a fachada e o arco que dá passagem à Travessa do Comércio. O edificio em H que abrigou o Min da Agricultura e o Min da Viação e Obras Públicas até ser demolido em 1935. Mais à distância, a cúpula e as torres da Candelária. Ao longe, à esquerda, o Morro da Conceição; e à direita, as torres da igreja de NªSª do Monte Serrat, o convento de São Bento, a carreira coberta do Arsenal de Marinha, e a Ilha das Cobras, ainda sem a ponte que a liga ao continente.

quarta-feira, julho 02, 2008

Igreja da Urca

A igreja de NªSª do Brasil, na Av. Portugal, 772, Urca, foi construída em terreno doado, em 1929, pela Sociedade Anônima Empresa Urca. O projeto, do arquiteto Frederico Fialho Filho, teve suas linhas inspiradas nas capelas missioneiras da Flórida. A igreja foi inaugurada em 1934, e veio a se tornar, dois anos depois, matriz da paróquia da Urca e Praia Vermelha que inclui as capelas de São Pedro de Alcântara, na antiga reitoria da UFRJ, e de NªSª dos Navegantes, no Iate Clube do Rio de Janeiro. Desde sua fundação, a igreja teve apenas 3 párocos: Pe Solano Dantas, de 1931 a 1936, ano em que a igreja foi elevada a matriz; Pe Emanuel Barbosa, de 1936 a 1981; a partir daí, o Cônego Antonio José de Moraes.

No mar, à sua frente, há uma estátua de bronze de São Pedro, obra de Edgard Duvivier.

Houve tempo em que, a cada 29 de junho, uma procissão promovida pela paróquia percorria as ruas do bairro. Deixou de ser feita a partir de 1981 devido às dificuldades de conciliá-la com o trânsito. A procissão marítima promovida pelos pescadores de Jurujuba, por vezes se estende até a Urca. Neste ano de 2008, depois de dez anos de ausência, com mais de cem barcos participantes, teve a estátua de São Pedro novamente em seu trajeto, onde passou, por volta de meio-dia, saudada pelo pipocar dos fogos de artifício.

A igreja recém-contruída é mostrada na aquarela de autoria de Felisberto Ranzini. Na foto recente, pode-se notar a estátua de São Pedro, no mar, em frente à Igreja.